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Análise Financeira, Econômica e Patrimonial como Ferramenta de Gestão em uma Cooperativa de Crédito: Breve Ensaio

INTRODUÇÃO

Normalmente são atribuidas às análises financeiras, econômicas ou patrimoniais uma característica de ferramental provedor da própria continuidade das entidades.
Certamente são ferramentas de grande utilidade gerencial e como não poderiam deixar de ser, também são ferramentas para tomadas de decisões corretas de rumos das entidades, inclusive pela própria natureza gerencial.

 

O presente texto tem por objetivo investigar como as análises financeira, econômica e patrimonial contribuem para a perenidade de uma cooperativa de crédito.

 

DESENVOLVIMENTO

 

A perenidade de uma Cooperativa de Crédito ou de uma Pessoa Jurídica qualquer é um dos objetivos, ou a própria razão de existência das Pessoas Jurídicas, assim como a obtenção de lucros para as entidades comerciais ou prestadoras de serviços, ou a distribuição dos pagamentos cabíveis aos membros de uma Cooperativa.

 

Neste sentido, a própria estrutura da contabilidade como um todo, bem como suas técnicas estão designadas em consonância com este, que é um dos princípios contábeis, o Princípio Contábil da Continuidade, in verbis: “…pressupõe que a Entidade continuará em operação no futuro e, portanto, a mensuração e a apresentação dos componentes do patrimônio levam em conta esta circunstância”. (Zanluca 2013, p. 01).

 

ANÁLISE ECONÔMICA

Do ponto de vista da análise econômica, o resultado é em última análise demonstrado mais especificamente entre os elementos da Demonstração do Resultado do Exercício ou DRE, que é por excelência a demonstração do desempenho de uma entidade qualquer (Athayde Junior, 2014).

 

Certamente outros itens do próprio Balanço Patrimonial devem ser utilizados também, como um confronto entre os valores próprios da entidade constantes do Balanço Patrimonial e o resultado. Cumpre destacar que por força das Normas Internacionais não mais constam do Balanço Patrimonial somente elementos de posse real da entidade.

 

ANÁLISE FINANCEIRA

A análise financeira por seu turno está ligada aos grupos de equivalência temporal, ou seja, um confronto entre itens de ativos circulantes versus passivos circulantes ou um confronto entre itens de ativos não circulantes versus passivos não circulantes. Este tipo de análise fornece a capacidade de pagamento de compromissos.

 

Segundo Iudícibus (2009) a técnica da Análise de Balanços, (que apesar da terminologia não está restrita ao Balanço Patrimonial, mas pode e deve ser aplicada a todos os demonstrativos contábeis), “é uma arte” por possuir diversas possibilidades, sendo estas praticamente infinitas. Essas análises devem ser realizadas, sempre que se tenha o desejo ou necessidade de se conhecer o resultado de um determinado grupo de contas em relação a um outro, muito embora alguns autores apresentem ou proponham alguns elencos de técnicas.

 

Segundo Martins et al (2013), dentre os demonstrativos contábeis, o que tem a finalidade de evidenciar a capacidade de geração de caixa no presente ou no futuro é o Demonstrativo de Fluxo de Caixa, ou DFC.

 

ANÁLISE PATRIMONIAL

Para uma boa análise patrimonial certamente será necessária a observação de todo o Balanço Patrimonial, com os seus componentes, a saber, o Ativo, o Passivo e o Patrimônio Líquido. É o Balanço Patrimonial ou BP que tem por finalidade demonstrar a situação econômica, financeira e patrimonial da entidade (Martins et al 2013).

 

É de suma importância, entretanto lembrar que a evolução propriamente dita do patrimônio Líquido de uma entidade se dá pelo lucro, que é demonstrado pela DRE, o que aponta para a necessidade da análise conjunta desses dois demonstrativos, no mínimo.

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os demonstrativos contábeis são, portanto, elementos indispensáveis na gestão de uma Cooperativa de Crédito ou de uma entidade qualquer. Por meio do conhecimento e análises variadas dos mesmos pode-se perceber claramente os rumos aos quais a entidade analisada está sendo dirigida, onde está aplicando recursos, ou se tem dívidas vultosas, ou principalmente se tem conseguido um bom desempenho.

 

No caso específico de uma Cooperativa de Crédito, certamente o gestor necessitará analisar se o volume de crédito concedido está muito alto em relação ao que a Cooperativa consegue de resultado, principalmente se, por exemplo, exista algum indicativo de que esteja ocorrendo algum nível de inadimplência por parte da clientela, por causas diversas como conjuntura econômica de crise ou políticas monetárias, dentre outros fatores.

 

É muito comum também decisões por parte da gestão de cortes de despesas que possam ser consideradas não necessárias, (que não sejam custos), em caso de se notar que o volume de negócios da Cooperativa está menor por questões de sazonalidades.

 

De posse de informações como essas, entendendo informações como um produto de dados tratados que provocam uma atitude em quem as recebe, o gestor poderá decidir melhor sobre os rumos da Cooperativa, fazendo correções e auxiliando assim, sua perenidade no mercado.

 

Entretanto, muito embora essa perenidade ou continuidade esteja permeada na própria técnica contábil e na estrutura dos demonstrativos, a entidade só consegue se manter em atividade se auferir resultado, o que independe das demonstrações ou suas análises, mas sim do seu sucesso ou market share.

 

 

 

 

REFERÊNCIAS

 

ATHAYDE JUNIOR, Luiz Sampaio. Os Livros, As Normas IFRS e a DRE. Disponível em: <http://www.portaldecontabilidade.com.br/tematicas/dre-normas-ifrs.htm> Acesso em 21/12/2015. Curitiba: Portal de Contabilidade, 2014.

 

IUDÍCIBUS, Sérgio de. Análise de Balanços. 10 ed. São Paulo: Atlas, 2009.

 

MARTINS, Eliseu et al. Manual de Contabilidade Societária: Aplicável a todas as sociedades de acordo com as Normas Internacionais e do CPC. 2 ed. São Paulo: Atlas, 2013.

 

ZANLUCA, Júlio César. Os princípios de Contabilidade. Jun. 2013. Disponível em: <http://www.portaldecontabilidade.com.br/tematicas/principiosfundamentais.htm>. Acesso em: 16 dez. 2015.

 

ZDANOWICZ, José Eduardo. Gestão Financeira para Cooperativas: enfoques contábil e gerencial. São Paulo: Atlas, 2014.

Sobre o Autor
Luiz Sampaio Athayde Junior é Professor da Faculdade de Ciências Contábeis da Universidade Federal da Bahia (FCC/UFBA) e da Universidade Jorge Amado (UNIJORGE), ex Professor da Faculdade Visconde de Cairu (FVC) da Pós Graduação e possui experiência como Analista Tributário. Possui Mestrado em Administração e Extensão em Metodologia do Ensino Superior pela Escola de Administração da Universidade Federal da Bahia (EA/UFBA), Pós Graduação MBA em Gestão Financeira e Empresarial pelo Centro de Pós Graduação e Pesquisa da Faculdade Visconde de Cairu (CEPPEV/FVC). É Contador Graduado em Ciências Contábeis pelo Centro Universitário Estácio da Bahia (Estácio/FIB) e possui certificação IAFC First Degree em Normas Internacionais da Contabilidade – IFRS. E-mail: [email protected]

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